23/09/2003

Memória

De vez em quando lembro-me de coisas muito antigas, que me deixam de brilho no olho e sorriso velado, sintomas que todos podem reconhecer dos ataques de nostalgia...
Hoje lembrei-me do terraço da casa da minha avó, quando eu tinha uns cinco anos. Estava tudo em obras, por causa de se fechar a oficina de tornos e torneados. O meu avô, por causa da trombose, já não podia continuar a geri-la, mas isso a mim não interessava. O que interessava mesmo é que a minha avó me dava as formas dos pastéis de nata para brincar, que os tijolos eram utilizados para construir uma cozinha com fogão e tudo, que a serradura que ainda por ali havia era a massa de uns magnificos bolinhos de talos de couve e de cenouras em mau estado que se apanhavam no quintal e que tudo isto tinha aquele gosto que só na infância alguma coisa tem.
Há quem diga que ainda tenho de aprender a cozinhar, mas quem o diz nunca provou tal petisco.