Vida
Se eu vos disser que no sábado faleceu mais uma familiar minha, vocês acreditam? Pois, mas é mesmo verdade. Até agora, hoje tem sido um bom dia: ainda não me foi comunicado o óbito de mais ninguém. Começa a ser assim que encaro os meus dias. Um destes dias sentir-me-ei melhor, deixarei com certeza de atender ansiosamente o telefone sempre que toca, e de o ouvir tocar quando não tocou, deixarei de sentir vontade de telefonar a todos de quem gosto todos os dias, só para confirmar que estão tão bem quanto possível... Um dia destes sentir-me-ei de novo bem com roupas claras, quanto mais não seja por causa do calor. Se bem que esta coisa de apenas me sentir bem de escuro tenha uma grande vantagem para qualquer mulher: acabou-se a preocupação matinal de que peça de roupa condiz com qual.
Hoje de manhã, como se não me bastasse já a boa disposição com que ando, tinha à porta do meu prédio plantada a mãe do Arturito. Aparentemente desejava apenas pedir ao Artur que lhe desse rapidamente um papel assinado para apresentar no banco, por causa da assunção de dívida dela. E pergunto eu: isso não se faz pelo telefone? Seria preciso fazer-me vê-la às 7h28m? Irra!
No trabalho, o ambiente é terrível. Sinto-me quase como no jardim infantil, com o educador ao topo da sala a controlar o comportamento das crianças que estão de castigo.
No domingo encontrei o meu pai na igreja onde o meu afilhado fazia a sua 1.ª comunhão. Quando o informei da morte do meu tio, do Zé Lopes e da minha prima, comentou que "custa sempre, porque quando morre alguém é sempre um incómodo e nós não gostamos de ser incomodados". Tive vontade de o agredir violentamente. Senti-me inibida de o fazer talvez porque o Pedro estava a ver, talvez porque acabara de sair da missa, mas talvez apenas porque no fundo não lhe reconheço qualquer capacidade de sentir seja o que for por quem for, excepto algum incómodo. Talvez encontre em mim inspiração suficiente para, numa carta, lhe explicar algumas das coisas que sinto por ele e que em muito pouco se assemelham àquilo que se espera que uma filha sinta por um pai.
Depois disso tivémos a vitória do Glorioso. A Taça de Portugal é nossa. Lindo!
O Artur hoje esteve no Tribunal de Trabalho para tentar acordo com as ex-patroas quanto ao pagamento dos valores em dívida. Não houve acordo, o que significa que vai demorar muito para vermos aquele dinheiro, que não é assim tão pouco quanto isso para nós.
Tenho mesmo de ir à bruxa...
Hoje de manhã, como se não me bastasse já a boa disposição com que ando, tinha à porta do meu prédio plantada a mãe do Arturito. Aparentemente desejava apenas pedir ao Artur que lhe desse rapidamente um papel assinado para apresentar no banco, por causa da assunção de dívida dela. E pergunto eu: isso não se faz pelo telefone? Seria preciso fazer-me vê-la às 7h28m? Irra!
No trabalho, o ambiente é terrível. Sinto-me quase como no jardim infantil, com o educador ao topo da sala a controlar o comportamento das crianças que estão de castigo.
No domingo encontrei o meu pai na igreja onde o meu afilhado fazia a sua 1.ª comunhão. Quando o informei da morte do meu tio, do Zé Lopes e da minha prima, comentou que "custa sempre, porque quando morre alguém é sempre um incómodo e nós não gostamos de ser incomodados". Tive vontade de o agredir violentamente. Senti-me inibida de o fazer talvez porque o Pedro estava a ver, talvez porque acabara de sair da missa, mas talvez apenas porque no fundo não lhe reconheço qualquer capacidade de sentir seja o que for por quem for, excepto algum incómodo. Talvez encontre em mim inspiração suficiente para, numa carta, lhe explicar algumas das coisas que sinto por ele e que em muito pouco se assemelham àquilo que se espera que uma filha sinta por um pai.
Depois disso tivémos a vitória do Glorioso. A Taça de Portugal é nossa. Lindo!
O Artur hoje esteve no Tribunal de Trabalho para tentar acordo com as ex-patroas quanto ao pagamento dos valores em dívida. Não houve acordo, o que significa que vai demorar muito para vermos aquele dinheiro, que não é assim tão pouco quanto isso para nós.
Tenho mesmo de ir à bruxa...
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