03/09/2003

Baba

Quando alguém me informa que vai ser mãe/pai pela primeira vez, sou educadinha e dou os parabéns, mas logo a seguir pergunto "cansadito(a) de estar bem na vida, hein?"
Fui recentemente "avó", que a L., minha filhota da faculdade, lá conseguiu ser mãe. Depois dos pulos de alegria sincera, veio a palermice do costume. Perguntei-lhe se estava preparada para nunca mais dormir um soninho descansado, se tinha muito bem recheada a conta bancária, se já tinha malas parecidas com a do "Sport Billy", se andava a praticar sexo suficiente para os meses de inactividade depois do parto (e quantas vezes até antes!), se estava consciente de que uma ida ao supermercado nunca mais poderia ser feita com custo inferior a 50 euros... E ela, como todas, perguntava "então mas ser mãe não é a melhor coisa do mundo?" E eu, invariavelmente, respondia que ser mãe é sobrevalorizado por toda a gente, que muito se fala nas compensações do amor filial mas que é tudo treta, que ter putos é só trabalho em cima de trabalho e que, quando nos livramos deles por 10 minutos ficamos logo cheias de remorsos e saudades porque não temos os meninos perto de nós.... Como diz a minha mana velha, filhos são peçonha!
Ontem o Pedro portou-se mal ao jantar, tão mal que nem piou quando lhe pus o GameBoy de castigo, e o mandei para a cama assim que acabou de jantar. Deitei-o, aconcheguei-lhe a roupa da cama, estendeu os braços para o beijinho e o abraço de boa noite:
"Mãe!... Xabes uma coija?... És a melhor pexoa do mundo!".
Ao fim de cinco anos, lá me estragou ele a "teoria da treta" toda.