12/09/2003

A dúvida

"Srª Doutora:
Qual a sua dúvida "existêncial"?" (in Coisas Ditas, por .)

Exmo(a).Sr(a). . :
Mil perdões por não ter sido clara na minha escrita. É o que acontece quando se escreve depois de pouco dormir, muito trabalhar, estar com pressa e ainda por cima sentir-me irritada.
A dúvida era, apenas, o porquê de a Sr.ª Dr.ª responsável pela elaboração do relatório da análise do meu EEG precisar de ser alertada por um colega para a urgência da coisa. Após tal sensibilização, o relatório foi elaborado. Ora, na minha humilde forma de ver as coisas, quem vai fazer um EEG não o faz por desporto, ou meramente para guardar em casa o registo da sua actividade cerebral, para emoldurar e mostrar aos amigos. Fá-lo porque o mesmo é necessário para confirmar um problema ou para eliminar uma suspeita do médico que o pede. E isso, para mim, seja o resultado do meu EEG ou de qualquer outra pessoa ou exame, configura uma situação intrinseca de urgência, para a qual não deveria ser necessário o tal "empurrãozinho". Mas pode ser que me engane, e que os médicos e outros técnicos de saúde assim não pensem, e é essa a minha dúvida.
Eu lido com papéis, com a formalização de contratos e garantias dos mesmos que permitem na maioria dos casos conceder-se aos clientes uma "folgazinha" económica. Nenhum dos clientes morrerá, com certeza, por um dia ou dois de espera. No entanto, sou incapaz de ir de férias, de me ausentar do trabalho por motivo que possa prever, sem deixar tudo quanto está na minha secretária devidamente tratado e resolvido. Isto apesar de, por ausência minha, haver quem mais quem trate dos meus papéis. Não é ser melhor ou pior que o vizinho, é apenas uma questão de sentido de responsabilidade, na minha opinião.
Que a "saúde pública" em Portugal está mal, parece que toda a gente sabe. Mas quando eu pago a uma entidade privada, precisamente para evitar os atrasos dos serviços públicos, porque a minha saude me é preciosa e me deparo com uma situação destas, fico mesmo muito lixada.
E nisto, como em tantas outras coisas, é que eu tenho pena que o meu Portugal seja como é.