16/09/2003

Linguagens

Se eu falar em usucapião, habeas corpus, excussão prévia, ou outros piores, poucos compreenderão o que digo. Quando me calha dar apoio aos colegas que não tiraram a mesma licenciatura que eu, logo, que não tiveram nunca que lidar com linguagem técnico-jurídica, a utilização destes termos fica fora de questão: se a ideia é esclarecê-los não faz sentido obrigá-los a ir uma uma livraria comprar um dicionário jurídico para compreenderem a mensagem.
Da mesma forma, quando um médico fala com o vulgar mortal na sua linguagem técnica, a reacção é "os alemães o quê?!?!..." Eu tenho por sistema pedir-lhes depois a tradução de tudo que não percebo, e vos garanto que percebo bastante (para alguém da minha área!) graças ao treino adquirido quando a mana tirava o curso de enfermagem e depois com toda a experiência hospitalar do Pedro. Ontem não tive tempo para tal, porque tenho a mania de ter consideração pelos outros, e como não tinha consulta marcada e os que tinham estavam à espera, e como o meu médico não me medicou nem nada, apenas me mandou fazer o TAC e voltar lá depressa, quando lá voltar logo peço que, em português, me diga o que é a "actividade paroxística temporal esquerda nas oscilações de vigília" (se é que percebi tudo bem), que ele diz que eu tenho e que me provoca as dores de cabeça (cefaleias, na lingua dele) e que não é grave nem alarmante mas tem de se controlar.
Em português disse-me algo que eu nunca tinha ouvido ;o) : tem de deixar de fumar e beber menos café. É que parece que ambos são estimulantes (espanto! ehehe) e que também não ajudam nada esta coisa da "actividade não-sei-das-quantas"...
E com esta vos deixo, até mais logo ou amanhã, com a garantia de que, quanto à minha saúde, nada mais direi até vos poder apresentar a versão final, revista e actualizada, do diagnóstico que se procura e do tratamento a efectuar.