24/05/2004

Sacramentos

Nos ultimos tempos tenho passado muito tempo em contacto com a igreja católica. Baptismos, comunhões, casamentos e funerais. Por incompatibilidade de horários, e por não ter o dom da ubiquidade, não pude estar presente na profissão de fé da minha sobrinha. O baptismo do Miguel, ontem, foi bastante agradável, o padre era despistado e ainda nos rimos todos durante a cerimónia. Foi um tipo de festa diametralmente oposto àquele que prevejo para a do Pedro, em Agosto. Parecia casamento, com fotógrafo oficial, com restaurante marcado e mais de sessenta pessoas. O pior é que as bebidas eram grátis, e servidas sem moderação. Aderi à ideia, com a preciosa ajuda do Jorge, que por tudo e por nada me ajudava a brindar a isto e a beber para esquecer àquilo. Quando viémos embora, estava altamente alcoolizada. A bela bebedeira deu-me para chorar, chorar tudo o que tenho tido para chorar, para dizer tudo o que me tem apetecido dizer, para deitar fora tanta coisa que me tem pesado o coração. Hoje pesa-me a cabeça, obviamente, mas sinto-me aliviada... Deixei o Pedro a dormir em casa da Tita, por manifesta incapacidade minha de tomar conta dele e por imaginar que poderia precisar do Artur em regime de exclusividade. Hoje de manhã fui levar-lhe uma muda de roupa para a escola. Na lógica dele, eu ontem estava com copos na cabeça, que cairam, partiram-se todos, e era por isso que eu chorava. Abençoada ingenuidade. A verdade é que tenho sono, muito sono, apesar de ter dormido bastante. Mas hoje já nada me parece tão mau como ontem, e apesar de o céu continuar cheio de nuvens eu consigo ver pequenas abertas por entre elas e alegrar-me com uns raiozinhos de sol.

21/05/2004

Monty Python

Isto é só rir. Verdade seja dita que só a rir é que certas coisas se aguentam. Por isso me lembrei dos tontos do título, e do seu fabuloso "The Meaning of Life".
Domingo tenho um batizado, do filhote da Liliana. Vou estar com duas das minhas pessoas preferidas em todo o mundo, para além de estarem presentes o Artur e o Pedro. Claro que para isso tenho de ir comprar uma roupinha para o Pedro, coisa que não me apetece, mas para a qual já solicitei ajuda da minha mãe, depois de a Sofia ter dito que afinal não pode ir lá jantar hoje a casa.
Hoje fui almoçar, aliás, fui apanhar ar. Dei aqui duas voltas ao quarteirão, mas ao menos as ideias espaireceram. Encontrei quatro dos meus velhos colegas, gente deliciosa com quem adorei trabalhar. Nada do que aqui tenho agora, seria o mesmo que comparar merda com pastéis de nata, pardon my french...
Lá por casa, tudo na mesma. O Arturito vai hoje, pela mão da mãe, aos treinos de captação para o Sporting. Por todos os motivos, excepto pela criança, espero que não seja captado. Para já porque sou benfiquista. Depois porque se se pretende retirar à mãe a idiota visita de quarta-feira, se o miudo entrar para os infantis a mãe dirá com toda a certeza ao tribunal que se assim for o pai prejudicará o menino, e será mais uma pedra contra o Artur. Depois porque o miudo tem asma, tem falta de ar com muita facilidade. Claro que é um sonho para o Arturito, e será uma desgraça para a sua vida e auto-estima se o "mister" não o escolher, e só por isso espero que lhe corra bem o treino. Mas na minha perspectiva pequenina do que é mais importante na vida, a entrada dele para o SCP agora seria desastroso para a alteração da regulação do poder paternal e para a estabilidade que se pretende dar ao menino, ou que eu acho que se pretende dar... É que, ultimamente, têm havido problemas de comunicação lá pelo agregado familiar, e eu não sei muitas coisas que por lá se fazem, dizem e pensam.
Mas a todos um bom fim de semana, que neste preciso momento é o que mais anseio que chegue rapidamente.

18/05/2004

Vida

Se eu vos disser que no sábado faleceu mais uma familiar minha, vocês acreditam? Pois, mas é mesmo verdade. Até agora, hoje tem sido um bom dia: ainda não me foi comunicado o óbito de mais ninguém. Começa a ser assim que encaro os meus dias. Um destes dias sentir-me-ei melhor, deixarei com certeza de atender ansiosamente o telefone sempre que toca, e de o ouvir tocar quando não tocou, deixarei de sentir vontade de telefonar a todos de quem gosto todos os dias, só para confirmar que estão tão bem quanto possível... Um dia destes sentir-me-ei de novo bem com roupas claras, quanto mais não seja por causa do calor. Se bem que esta coisa de apenas me sentir bem de escuro tenha uma grande vantagem para qualquer mulher: acabou-se a preocupação matinal de que peça de roupa condiz com qual.
Hoje de manhã, como se não me bastasse já a boa disposição com que ando, tinha à porta do meu prédio plantada a mãe do Arturito. Aparentemente desejava apenas pedir ao Artur que lhe desse rapidamente um papel assinado para apresentar no banco, por causa da assunção de dívida dela. E pergunto eu: isso não se faz pelo telefone? Seria preciso fazer-me vê-la às 7h28m? Irra!
No trabalho, o ambiente é terrível. Sinto-me quase como no jardim infantil, com o educador ao topo da sala a controlar o comportamento das crianças que estão de castigo.
No domingo encontrei o meu pai na igreja onde o meu afilhado fazia a sua 1.ª comunhão. Quando o informei da morte do meu tio, do Zé Lopes e da minha prima, comentou que "custa sempre, porque quando morre alguém é sempre um incómodo e nós não gostamos de ser incomodados". Tive vontade de o agredir violentamente. Senti-me inibida de o fazer talvez porque o Pedro estava a ver, talvez porque acabara de sair da missa, mas talvez apenas porque no fundo não lhe reconheço qualquer capacidade de sentir seja o que for por quem for, excepto algum incómodo. Talvez encontre em mim inspiração suficiente para, numa carta, lhe explicar algumas das coisas que sinto por ele e que em muito pouco se assemelham àquilo que se espera que uma filha sinta por um pai.
Depois disso tivémos a vitória do Glorioso. A Taça de Portugal é nossa. Lindo!
O Artur hoje esteve no Tribunal de Trabalho para tentar acordo com as ex-patroas quanto ao pagamento dos valores em dívida. Não houve acordo, o que significa que vai demorar muito para vermos aquele dinheiro, que não é assim tão pouco quanto isso para nós.
Tenho mesmo de ir à bruxa...

13/05/2004

Morreu o Zé Lopes

Mais um enfarte do miocárdio, inesperado, fulminante e fatal. Em seis meses é a terceira morte de gente de quem gostava. Só que este era especial. Não era da minha familia, mas o meu filho era neto dele, e até houve quem pensasse que eu era a sua filha mais velha. O quanto eu gostava dele até a mim me custa a acreditar. Que a morte dele me esteja a doer mais que a do meu próprio tio é complicado de entender. O amor nascido do respeito, da compreensão, da entreajuda e da convivência é talvez mais forte do que aquele que se sente pela força do sangue. Porque ao Zé Lopes eu escolhi amar. Porque o Zé Lopes amava o meu filho como poucas pessoas o amam. Hoje vim trabalhar como se estivesse a flutuar, com o corpo dorido e a cabeça vazia. Queria poder ir a casa dele mais logo e falarmos sobre isto à volta de um prato de caracóis ou de ameijoas, que ele fazia como ninguém. Mas não posso. Resta-me a alegria de lhe ter dado um neto que o fez feliz, e procurar forças para ajudar a mulher e a filha dele, que era com toda a certeza o que ele de mim esperaria por saber que nem outra opção eu ponderaria.
Estas coisas parecem-nos sempre tão injustas...

07/05/2004

É sexta-feira e chove

O dia começou mal. O Arturito tinha ginástica na escola e ninguém me avisou, pelo que o miudo não tinha calças de fato de treino decentes. Quer dizer, avisar avisaram, à hora a que eu me preparava já para me despedir de todos e sair de casa. Fiquei logo irritada, e isso ultimamente parece que me afecta os olhos. A visão fica desfocada, e conduzir não é fácil nesse estado. Portanto, já estou cansada e ainda nem comecei a trabalhar!
O ambiente no trabalho continua de cortar à faca. Fazer de conta que não se liga a tal coisa é extenuante: afinal, convivo com estas pessoas sete horas do meu dia, mais do que passo com quem gosto. No total, a minha disposição não anda lá muito bem. Alegra-me o facto de no domingo ir ver o SLB-União de Leiria, com os meus meninos todos, com cachecóis e bonés e gorros para nos enfeitarmos. Claro que isto pressupõe que eles se portarão impecavelmente bem até à hora do jogo... Espero que o incentivo seja suficiente, se bem que o Arturito tende a não apreciar nada que venha da minha parte, nem uma ida à Catedral para assistir a um jogo de futebol ao vivo. É dificil agradar àquele miudo e cativá-lo. Os meus esforços parece serem sempre em vão. Mas espero que o fim de semana seja agradável, com as limpezas e arrumações de amanhã, a reunião à tarde da Habitat e o jogo no domingo. Se o tempo ajudar, melhor será ainda.
Bom fim de semana a todos, e até segunda.

05/05/2004

Quero lá saber!

Voltei. Se o chefe não gostar que eu escreva, azar o dele. O meu trabalho está em dia, não faço de conta que faço coisas, por isso não quero saber. O ambiente de trabalho, depois da reorganização do espaço, está perfeitamente insuportável. Já três colegas me vieram pedir calmantes desde segunda-feira. Parece que a finalidade da mudança foi apenas indispor todos os funcionários, porque nem uma pessoa ficou satisfeita. Eu mantenho-me calma e calada, que é o melhor remédio. Por enquanto, claro...
Lá por casa, todos bem. O Glorioso ganhou ao Sporting. A prenda que o meu filho me fez para o dia da mãe é LINDA e o Artur ofereceu-me dois livros das minhas colecções predilectas, o Baby Blues e a Cathy, cada um dos quais oferecido por um dos meus meninos.
Obrigado pelas reclamações e pelas manifestações de pesar pela minha eventual ausência permanente. E, numa de bom desportivismo que me custa, parabéns ao FCP e aos portistas, pela presença na final da Liga dos Campeões.