29/09/2003

Boa semana para todos

Que eu ando a curtir o dia, dos ultimos de mais ou menos bom tempo, para dar umas voltinhas por aqui e por ali com o puto, com os cumprimentos do meu director, homem simpático que me deu folga hoje.
Um destes dias conto-vos como foi.

26/09/2003

Delícias (by no particular order)

- o mar: à frente, à volta, imaginado
- estar na cama quando faz frio e chove
- uma noite de agradável conversa entre amigos
- a minha casa
- ir ao cinema, ver um bom filme, com pipocas
- morangos com champanhe num jaccuzi
- dar prendas inesperadas
- receber prendas inesperadas
- rir
- o meu filho
- fazer amor
- bom sexo
- camarão grelhado com molho de manteiga de alho
- café, cerveja, bom whisky straight
- adormecer aninhada ao homem que amo
- "ter um livro para ler e não o fazer" - Fernando Pessoa
(post mesmo muito sujeito a acrescentos posteriores, que por muito má que a vida seja, é das suas maravilhas que nunca nos esquecemos)

O que não suporto

- Xenofobia
- Qualquer forma de intolerância
- Faltas de respeito
- Paulo Portas
- Mentiras
- Qualquer forma de maus tratos ou negligência sobre crianças
- Que se metam na minha vida sem a devida licença
(Post sujeito a actualização futura, mas não muita)

Coisas que me irritam

- papel higiénico sem picotado
- desculpas flagrantemente esfarrapadas
- agrafos pequenos
- Paulo Portas
- tirarem-me fotografias
- faltas de civismo
- chávenas de café lascadas
- comida nos dentes
- tensão pré-menstrual
- gente a falar alto
- telefonemas em alta-voz
- chain-letters "do this or die in five days"
- borbulhas
- irresponsabilidades
- ter calor
- areia no corpo
(Post sujeito a actualização futura)

Nada a dizer

Diz-se que Deus, quando fecha uma porta, abre uma janela. Gostava que Deus, se existe, olhasse para este nosso pais à beira-mar plantado e fechasse apenas um Portas. Abrir-se-iam com certeza muitas "janelas" com vistas muito mais uteis para Portugal que aquelas que se vêem de dois submarinos.
Não posso com o homem e o resto são cantigas, mas esta história tirou-me um bocado a mais do sério do que é costume. Idiota.

25/09/2003

O quê?!...

Foi assim que reagiu o meu colega, ao comparar um maço de tabaco pré-placard com um dos novos. É que, nos maços velhos, a quantidade de nicotina indicada na parte lateral do maço é superior em 0,1 mg à dos novos maços! E eu, a pensar que o whisky do costume hoje o tinha afectado mais que nos outros dias, peguei nos meus macitos e fui ver. Atão não é qué verdade? Resumindo: o tabaco contido nos novos maços é menos prejudicial à saúde que o dos velhos maços.
Deve ser truque da Tabaqueira para a malta suportar de melhor grado tão feio invólucro.

Amina

De vez em quando aparecia na caixa de correio electrónico um e-mail "Salvem Amina". Durante mais de um ano, e com o apoio da Amnistia Internacional, a condenação à morte por lapidação de Amina foi alvo de uma chain-letter invulgar: o assunto era sério e por mais que a cortassem, alguém redescobria a questão e voltava a tentar sensibilizar o mundo ao alcance da sua agenda de endereços para ela.
Hoje, de acordo com o Público.pt, o Tribunal Nigeriano que apreciou o recurso decidiu libertar Amina. Não teve nada a ver com os e-mails que alguns de nós nos demos ao trabalho de fazer forward. Teve a ver com irregularidades do processo judicial que na 1.ª instância condenou Amina. Mas isso é o que menos interessa.
Parabéns a Amina e à sua filha de dois anos, prova do adultério da mãe cometido dois anos depois do seu divórcio. Que religião justa é a muçulmana...

A quem não tem já não lhe nasce

Sempre gostei de ler. Ainda miuda, devorei todos os livros de Agatha Christie a que consegui deitar a mão ou seja, quase todos, porque o meu padrinho tinha toda a colecção Vampiro. Apesar de admirar o inimitável Poirot, de me divertir com o Tommy e a Tuppence, sempre foi da Miss Marple que mais gostei. Solucionava os casos utilizando apenas o seu conhecimento da "natureza humana". Mais do que mera coscuvilheira, era a constante análise da natureza humana que a fazia tomar atenção aos outros.
Quando comecei a ter os meus primeiros namoros, as coisas nunca corriam lá muito bem. A paixão era enorme, o amor estava condenado a ser eterno, e depois, para grande infelicidade minha, os pobres moços não mudavam aquela maneira de falar, aquele jeito de agarrar, aquela forma de pensar isto ou aquilo. Depois de sete anos com o pai do Pedro, finalmente compreendi algo. Ninguém muda a sua essência ao longo da vida. Por vezes conseguimos modificar certos comportamentos, certas atitudes, mas sem que o consigamos fazer perante todos a todo o tempo.
Com base neste pressuposto, nesta fantástica descoberta, passei a encarar as minhas relações com os outros de outra maneira. Ao conhecer uma pessoa, que agradava por este ou aquele motivo, havia que procurar as suas caracteristicas que fossem incompatíveis com as minhas. Depois destas estarem detectadas, eram sujeitas ao "teste do grau de incompatibilidade", ou seja, eu determinava até que ponto me seria possivel a mim conviver com tais características. Porque eu também não mudo, esta possibilidade de convivência sempre foi aferida com base na minha capacidade de adaptação ao que me rodeia. E nisto somos como os elásticos, temos limites até onde conseguimos esticar.
Errare humanum est. Confiei demasiado na minha elasticidade, nessa forma de inteligência que é a adaptabilidade. Ao fim de três anos começa a tornar-se dificil suportar o desprendimento com que o Artur lida com o mundo, ou o tempo que lhe demora a manifestar a sua preocupação para com os outros. Para comigo, que com o mal dos outros fico eu bem. Talvez a culpa seja minha, que sempre tive costas largas para tudo e sempre dei a entender que não precisava de ninguém e que aguentava este mundo e o outro. Mas quero lá saber se a culpa é minha ou não, quando a cabeça me doi e ele fica a trabalhar até altas horas da noite para as senhoras que só nos aumentam as dores de cabeça por não lhe pagarem, quando ele me grita por uma ninharia, quando as suas demonstrações de preocupação se centram exclusivamente no trabalho.
Não bastava sabermo-nos amados. Temos de nos sentir amados. E isso não passa apenas por bom sexo e por um grande auxilio nas tarefas domésticas (às vezes até sem que lho peça). Mas ele não muda, é mesmo assim, já era assim quando o conheci e foi assim que o aprendi a amar.
Por isso não liguem a este post, que mais não é que um desabafo, depois de uma noite de sono passada entre algumas lágrimas de frustração porque ele foi o unico que não telefonou a perguntar o que o médico tinha dito e outras de alívio porque finalmente tenho em casa os comprimidos que vão acabar com a dor de cabeça. Que ainda cá está e que ainda não me deixa pensar como deve ser.

24/09/2003

A quem não aconteceu!

Ontem referi o questionário a que respondi quanto à qualidade da empresa onde trabalho, em que uma das perguntas era se podiamos ser nós próprios aqui, ao que respondi que não, apesar de eu não me dar muito ao trabalho se ser outra coisa qualquer, o que me tem prejudicado em termos de carreira.
Ontem estava bem vestida, e quando fui procurar a tal da cigarreira, as primeiras que me mostravam eram todas carissimas, a preços que infelizmente não posso ponderar pagar apenas para não ver os novos anuncios antitabágicos nos maços de tabaco.
Hoje chego aqui, faço a ronda dos "meus" blogs, e apanho um post da Maria sobre aparências, comentado depois pela EspectacológicaS, com histórias que são semelhantes a tantas outras pelas quais já passei. Lembrei-me até de uma, não própria, mas de Bruce Springsteen, que até no Telejornal deu, há uns anos atrás, em que uma empregada de uma loja de pronto-a-vestir se teria recusado a atender o "Boss" e a mulher, porque iam ambos mal trajados.
É das coisas infelizes da nossa sociedade. Saint-Exupéry disse-o, quase toda a gente o conhece: "Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos", mas ainda mais velho é o "à mulher de César não lhe basta ser séria, tem de parecê-lo".
Mais não digo, por ora, que estas coisas não me deixam lixada, mas triste. Coisas da idade, que entre os dezanove e os vinte anos, depois de uma cena quase igual à que a EspectacológicaS partilha connosco, curti bué andar de loja fina em loja fina a fazer as mal educadas empregadas desarrumar tudo das prateleiras e sair sem comprar nada.

23/09/2003

Mona Lisa


Sempre gostei deste quadro. Tenho lá em casa uma reprodução transformada em puzzle de mil minipeças. Um dia destes vou conseguir fazê-lo.
Por agora, este post serve só de "obrigado" ao meu "gaijo" lá de casa. Um beijo!

Competições

Há cerca de duas semanas recebi um inquérito para que a empresa onde trabalho possa ver-se "reconhecida como uma das melhores empregadoras em Portugal"... ou não. O mesmo inquérito foi distribuido a 250 colaboradores, num universo de mais de 3.500. Li-o com atenção. Dei algumas gargalhadas sonoras durante a leitura. Pu-lo para o lado, porque já no "Bambi" se ouvia dizer que "se não tens nada de bom para dizer sobre alguém, não digas nada". Há alguns anos que deixei de sentir orgulho de dizer que aqui trabalho, e se ainda cá estou (e estarei!) é apenas pela segurança que a empresa dá, quando o mercado de trabalho está como está e umas pequenas coisas a que eles chamam regalias, mas que para mim funcionam mais como grilhões que aqui me prendem.
Hoje, data limite para o envio das respostas, veio o Departamento de Pessoal insistir para que respondessemos. Se os outros 249 analisarem esta empresa da mesma forma que eu, o melhor seria eles mandarem a malta correr atrás dos tipos dos CTT para reaver os envelopes.
Azar o deles. Eu cá, porque sou bem mandada, enviei o meu. Mais lhes valia estarem quietinhos.

Memória

De vez em quando lembro-me de coisas muito antigas, que me deixam de brilho no olho e sorriso velado, sintomas que todos podem reconhecer dos ataques de nostalgia...
Hoje lembrei-me do terraço da casa da minha avó, quando eu tinha uns cinco anos. Estava tudo em obras, por causa de se fechar a oficina de tornos e torneados. O meu avô, por causa da trombose, já não podia continuar a geri-la, mas isso a mim não interessava. O que interessava mesmo é que a minha avó me dava as formas dos pastéis de nata para brincar, que os tijolos eram utilizados para construir uma cozinha com fogão e tudo, que a serradura que ainda por ali havia era a massa de uns magnificos bolinhos de talos de couve e de cenouras em mau estado que se apanhavam no quintal e que tudo isto tinha aquele gosto que só na infância alguma coisa tem.
Há quem diga que ainda tenho de aprender a cozinhar, mas quem o diz nunca provou tal petisco.

Curiosidade que não mata o gato

Quem quiser espreitar fotos desactualizadas dos putos de que falo tanta vez, dê um pulinho aqui e depois digam lá que não são lindos...
Se disserem muitas vezes, eu depois actualizo o album, que bem merece.

Opções

Comprei hoje o primeiro maço de tabaco da nova série de pacotes, com os avisos inestéticos sobre o quão prejudicial o tabaco é para a saúde. Como se a malta não soubesse! Podemos ser suicidas informados, mas ao menos morremos de algo que nos dá prazer. É uma opção.
Na minha modesta opinião, esta inovação apenas terá uma consequência: o aumento maciço das aquisições de cigarreiras. Ao menos são giras, e ainda demorará algum tempo até aparecer um ministro que se lembre de controlar também o fabrico das ditas.
Por mim, até que um dia me dê na telha, vou continuar a fumar e, como hoje foi dia de São Magro Ordenado, vou ver se encontro uma cigarreirazita discreta para mim.

22/09/2003

Soltas

Lucílio Baptista vai ser pai. Ao filho, deseja-se melhor visão, melhor sentido de justiça e maior capacidade de recusar os desejos da entidade patronal que o pai demonstra, para poder arbitrar correctamente a sua vida.
A máquina do TAC avariou, exactamente na véspera de eu precisar dela. Remarcação do exame efectuada para hoje, às 12:00.
A mãe do Arturito não paga a prestação de alimentos porque não quer. Apraz-nos saber que vai adquirir novo automóvel, "que dá 260 km/hora", segundo informação do filho da mesma.
Nunca mais é sábado.

19/09/2003

Boas férias

São só dois dias, chamam-lhe fim de semana normalmente. Mas como amanhã tenho de acordar às sete da matina, não me sinto lá muito entusiasmada. Também não ajuda o facto de o meu ordenado só chegar na próxima terça-feira e de o do Artur estar previsto apenas para daqui a uns eventuais quinze dias (em Portugal, todos sabemos que "quinze dias" pode significar seis meses).
Mas tenho os meus meninos em casa, os dois, por isso estes vão ser bons dias. Que o sejam para vocês também.

Ultimas da novela

Voltámos às lides, como já se esperava. A mãe do Arturito é advogada. Juro. Digo isto porque estou habituada a ninguém acreditar que ela o é.
Ora, a regulação do poder paternal do miudo, feita judicialmente por incapacidade de acordo entre os pais, determinou que, como a guarda e exercicio do poder paternal foram atribuidos ao pai, que à mãe compete o pagamento da prestação de alimentos. Esta coisa da prestação de alimentos é um direito irrenunciável da criança. Isto significa que, nem que seja com um euro, o progenitor a quem não é atribuida a guarda tem de auxiliar nas despesas correntes do menor.
Vocês não sabiam. Pois é. Mas ela não só tirou o curso de direito, como fez estágio, e ainda por cima teve processos de regulação de poder paternal de clientes dela.
Dizia ela ao telefone, na terça-feira: "Tu, se fosses um homem como deve ser, não me pedias dinheiro." Mandou ela recado pelo filho ontem: "Diz lá ao pai que eu não pago até ao divórcio".
Sabem o que me anima? É que o Artur, quando se separou dela, deixou-a ficar com todos os bens do casal. E bens significa haver algo para penhorar à ordem do tribunal de menores até que a senhora pague o que deve. E que não é pouco. Mas o que eu gostava mesmo era que o tribunal ordenasse que o dinheiro em questão fosse automaticamente deduzido no valor mensal que ela recebe de rendas... ISSO é que eu gostava...

Sei lá!

Até pensei que estava a ver mal. Voltei atrás e confirmei. O casaco custava € 1.580,00, a t-shirt € 165,00, a saia € 470,00. Eram três trapos banais, pelo amor da santa!
Depois percebi: aqueles não são os preços reais das coisas. Trata-se apenas de um estratagema para animar a vendedora da loja enquanto espera que alguém entre. Ela senta-se de frente para a montra e ri-se a bandeiras despregadas com as caras que a malta faz a ler as etiquetas. Pronto! E assim, mais uma entidade empregadora zela pelo bem dos seus funcionários, porque todos sabemos que rir é o melhor remédio.

18/09/2003

Pequenas justiças

Fui almoçar a hora inteirinha a que tenho direito, com a Maria. Nada levava a imaginar que voltasse do almoço tão alegre!...
Motivo n.º 1:
Não é de Lisboa, nunca o vi na vida. Chama-se Rui e gosto dele. Gosto muito dele. Um dia destes pode ser que vos conte porquê, tem a ver com amizade, momentos felizes e um porta-moedas multibanco. Também pode estar relacionado com mudanças para melhor de quem a gente gosta, e isso sabe sempre a mel.
Motivo n.º 2:
A Segurança Social portuguesa escreveu direito em linhas tortas. Uma fulana que nunca fez nada pela vida mas que fazia muito bem de conta foi despedida, com direito a uma indemnização da qual não devia ter visto um cêntimo e com direito a declaração de despedimento "por extinção do posto de trabalho", para ao menos ir buscar subsídio de desemprego. E não é que os queridos serviços concluiram que ela não tinha direito a nada por ter faltado mais que trabalhou?... Não podia ter acontecido a quem mais o merecesse, e apesar de me sentir um bocado cabra, estou satisfeita com o sucedido.

O Marronco e os Sponsors

Tendo sido constituida sponsor de alguém que bem escreve, não posso eximir-me às minhas funções publicitárias. For he's a jolly good fellow, which nobody can deny!

Morreu John Ritter

O título remete-vos para a noticia de 12 de Setembro no Público. Hoje, na edição em papel, dá-nos conta que o mesmo actor comemora hoje o seu 55.º aniversário. Infelicidades jornalisticas.

Flores

Ontem recebi flores. Amarelas, como gosto. A comemorar três anos contados do nosso primeiro beijo, à beira do Tejo em Constância, com uma lua linda a iluminar-nos.
Agora ele diz que o que nos vai iluminar são as deficientes descargas eléctricas do meu cérebro... É por estas e por outras que eu gosto dele.

16/09/2003

Esqueci-me...

...do que vinha dizer. Vim muito lançada, no regresso do quarto de hora de almoço que me permiti, aqui direitinha para vos dizer algo que já não sei o que era. Adoro quando isto acontece. :p
Bem, vou práqui carregando numas quantas teclas, pode ser que me lembre do que era... Para já, há que referir que este ano parece que o Arturito está com sorte... ou não. Para nós, pais ou equiparados, o professor é dos melhores que se podia arranjar lá pela escola: não admite faltas de respeito, é exigente quanto ao que ensina e quanto á  educação, tem cuidado com os miudos e trata-os com algum carinho, enfim, um auxiliar precioso para nós. (Quanto a isto, muito poderiamos dizer sobre quem auxilia quem, que há para aí­ uns pais e mães que têm entendimento diverso do meu, mas, não temos tempo!) Para o miudo, a perspectiva é diversa, claro. O Prof.Mário já tinha fama daquilo que é, e miudo que se preze prefere largamente quem dele pouco exija e lhe dê mais "amplitude de movimentos", do que alguém que os faça andar direitinhos...
Eu sabia que me havia de lembrar! Numa troca de e-mails com alguém com quem gosto cada vez mais de o fazer, fui considerada como pertencente à classe média/média-alta. Não sei muito bem quem é que se enquadra em qual, nem como se dividem... Para a Manuela Ferreira Leite, pelo que me leva em impostos, até devo pertencer à classe alta, mas acho que ser "aliviada" de tantos euros todos os meses significa apenas que trabalho por conta de outrem e sou mal paga. Não recebo nem cinco cêntimos a mais do que aquilo que vem no meu recibo. Não exerço qualquer actividade remunerada fora deste meu local de trabalho. O Artur ganha tanto como eu, quando ganha, que a empresa dele deve-nos três meses de ordenado. Não pertenço, claramente, a uma classe baixa. Temos uma casa adquirida com recurso a crédito, um T3 com 27 anos e a precisar de melhoramentos (nada de canalizações, que essas já foram abençoadamente substituidas pelos anteriores proprietários. Temos dois vei­culos automóveis, um com doze, outro com dez anos, ambos já alvo de reparações que exigiram recurso a crédito, mas cuja substituição não pode ser por nós ponderada, nem com recurso a crédito. Temos dois miudos, um no ensino público mas também no ATL da escola, outro num infantário de uma IPSS, que mesmo assim sai caro. Eu compro o passe da Carris para vir para Lisboa, o Artur, por causa dos horários e da localização do emprego, traz o carro diariamente. Isto tudo, se calhar, atira-nos para a classe média, nunca para a média-alta. E se assim é mesmo, é uma chatice pertencer a tal classe neste paí­s, em que ser médio significa contar os euros que se tem até ao fim do mês. Pertencer à classe média deveria significar que se chegava calmamente até ao fim do mês, desde que não se fizessem extravagâncias. Deveria significar que quando o Artur precisa de um fato eu não precisasse de fazer contas para ver se pode ser este mês ou não.
Mas haja saúde e paz, que o resto a gente faz.

Linguagens

Se eu falar em usucapião, habeas corpus, excussão prévia, ou outros piores, poucos compreenderão o que digo. Quando me calha dar apoio aos colegas que não tiraram a mesma licenciatura que eu, logo, que não tiveram nunca que lidar com linguagem técnico-jurídica, a utilização destes termos fica fora de questão: se a ideia é esclarecê-los não faz sentido obrigá-los a ir uma uma livraria comprar um dicionário jurídico para compreenderem a mensagem.
Da mesma forma, quando um médico fala com o vulgar mortal na sua linguagem técnica, a reacção é "os alemães o quê?!?!..." Eu tenho por sistema pedir-lhes depois a tradução de tudo que não percebo, e vos garanto que percebo bastante (para alguém da minha área!) graças ao treino adquirido quando a mana tirava o curso de enfermagem e depois com toda a experiência hospitalar do Pedro. Ontem não tive tempo para tal, porque tenho a mania de ter consideração pelos outros, e como não tinha consulta marcada e os que tinham estavam à espera, e como o meu médico não me medicou nem nada, apenas me mandou fazer o TAC e voltar lá depressa, quando lá voltar logo peço que, em português, me diga o que é a "actividade paroxística temporal esquerda nas oscilações de vigília" (se é que percebi tudo bem), que ele diz que eu tenho e que me provoca as dores de cabeça (cefaleias, na lingua dele) e que não é grave nem alarmante mas tem de se controlar.
Em português disse-me algo que eu nunca tinha ouvido ;o) : tem de deixar de fumar e beber menos café. É que parece que ambos são estimulantes (espanto! ehehe) e que também não ajudam nada esta coisa da "actividade não-sei-das-quantas"...
E com esta vos deixo, até mais logo ou amanhã, com a garantia de que, quanto à minha saúde, nada mais direi até vos poder apresentar a versão final, revista e actualizada, do diagnóstico que se procura e do tratamento a efectuar.

15/09/2003

Aberturas

"É oficial: as aulas começam hoje para cerca de 1,6 milhões de alunos. À sua espera, nas escolas estarão 162 mil professores e 84 mil funcionários. No entanto, haverá estabelecimentos de ensino que não vão voltar a abrir as suas portas, mais de meio milhar." in Público.pt
"O Ano Judicial inicia-se hoje e o clima na Justiça é de agitação e alguma confusão. O PÚBLICO foi ouvir alguns dos protagonistas da Justiça portuguesa e apresenta-lhe a radiografia dos casos mais mediáticos em investigação, instrução ou julgamento." in Publico.pt
E eu, povo, digo: nem professores nem juizes fazem metade do que deviam fazer. E depois penso "bem, se eu todos os anos mudasse de poiso, também não me ralava muito com o estado das coisas!"
Eu tive a mesma professora da 1.ª à 4.ª classe. O processo de divórcio dos meus pais e a regulação do poder paternal relativo às filhas menores do casal arrastou-se durante dois ou três anos (há muito, muito tempo, era eu uma crianaça, tra la la), mas o mesmo juiz decidiu tudo o que tinha a decidir, bem ou mal, no fim do processo já conhecia bem os intervenientes, os factos, os argumentos e tomou uma decisão justa.
Na escola, o Arturito vai conhecer o(a) terceiro(a) professor(a), porque vai começar o terceiro ano, não hoje, ao contrário dos outros quase todos, mas na quarta-feira. O "caso Artur", que, não percebo porquê, nunca fez parangonas nos jornais, entrará este ano no "terceiro round". Em todos os aspectos. Lá vem outro(a) juiz, que não sabe quem é quem nem quem fez o quê a quem, pegar no calhamaço do processo 45. Pela falta de tempo e capacidade de se inteirar convenientemente de tudo o que se passou, deitará a moeda ao ar para ver onde vai parar - forma de acelerar a justiça em Portugal, de méritos reconhecidos (Talião deixava-nos cegos e desdentados, assim é melhor). O juiz que estava a tratar dos processos de agressões e danos lá de casa, já mudou, claro, é outro que vai decidir de acordo com o cara-coroa.
Os putos precisam cada vez mais de apoio de pedopsiquiatras, para onde são "encomendados" grande parte das vezes pelos professores que não sabem lidar com eles, e nós, os adultos, de uma qualquer forma tortuosa, ainda escrevemos e dizemos "justiça em Portugal" sem rir até às lágrimas.
Eu hoje tou linda, tou...

Clocks

Lights go out and I can't be saved
Tides that I tried to swim against
Have brought me down upon my knees
Oh I beg, I beg and plead
Singing

Come out of things unsaid
Shoot an apple off my head
And a trouble that can't be named
A tiger's waiting to be tamed

Singing
You are
You are

Confusion that never stops
The closing walls and ticking clocks
Gonna come back and take you home
I could not stop, that you now know
Singing come out upon my seas
Curse missed opportunities
Am I a part of the cure
Or am I part of the disease


Singing
You are, you are (x4)
And nothing else compares (x4)
You are, you are
Home, home where I wanted to go (x2)
Home, home where I wanted to go (You are) (x2)

Ando a cantar isto desde que acordei. É dos Coldplay, para quem não conhece. Falar de música lembra-me as melhores gargalhadas do fim-de-semana, aquelas que dei a ver os castings para o "Ídolos" da SIC... Não percam. É um bocado triste a malta curtir as desgraças dos outros, mas um dos do juri dizia que "quem não quer ficar com o rabo a arder não se senta na frigideira". O que me leva ao empate do Benfica com o Belenenses, que devia era ter sido uma retumbante vitória dos azuis! (nota da redacção: o meu coração pertence ao Glorioso). Ainda bem que o meu filho já se tinha ido deitar, que ainda ontem me dizia que queria uma bandeira no Benfica no quarto dele! E aos "Piratas das Caraíbas", que está muito giro, o Johnny Depp está de babar, o Orlando Bloom um mimo (Maria, não percas mesmo!), os efeitos especiais bem feitos.
De volta aos papéis.

What?!

Como não há por onde escapar, apanhei um bocado do Big Brother este fim de semana. Discussão da grossa sobre a dscriminalização do aborto. É um dos assuntos da nossa sociedade que mais me tira do sério, mas se estão a pensar que vou agora escrever sobre o assunto, desenganem-se. Não tenho tempo.
Fui fazer o ECG (Sr.Doutor, vê, o que falámos no outro dia, a técnica disse-me que era um lindo ECG e eu não preciso de mais, quero lá saber é do relatório!) e voltei para aqui.
Andou tudo a arder outra vez. Da minha querida Margem Sul não se via Lisboa no sábado à tarde, por causa da gigantesca nuvem de fumo e cinzas que sobre ela se abateu. Parecia um cogumelo atómico. Até lá para os meus lados cheirava a queimado, até a roupa estendida amareleceu... Alguém perguntava no Público de ontem "Seremos um país de pirómanos?", e começo a pensar que sim, que nada disto é normal, carambas!
Continuo a ter muito trabalho e pouca vontade. Felizmente amanhã volta de férias o meu colega Álvaro e as coisas vão melhorar.
Tenho a minha cabeça cheia de ideias e nenhuma delas fica quieta o tempo suficiente para eu a ver bem. Por isso, vou-me embora daqui, agora, e volto se ou quando puder.

12/09/2003

Fui

Gosto cada vez mais de ter um blog. Porque a escrever só me atura quem quer, como o Marronco lembra, porque a escrever organizo muitas vezes ideias que de outra forma demoraria muito mais a organizar. Porque gosto de escrever mesmo que não tenha nada para dizer.
Esta não foi uma boa semana. Mas podia ter sido pior. Muito pior. Para a semana recomeçam as aulas, volto a ter os meus dois meninos em casa, e, por consequência, o dobro do trabalho intelectual de previsão, organização e execução de tudo o que implica dar bem estar, segurança, conforto, carinho e tudo o mais necessário a duas crianças. Isto não é uma queixa, é a constatação de um facto. Mas sinto-me feliz por pensar que eles vêm e por esperar que este novo ano lectivo corra melhor que os dois anteriores.
Por isso, vou-me embora, tenho aproximadamente 48 horas para por em dia o descanso, para dormir sem uma orelha acordada a tomar conta dos meninos, para me preparar para os receber com um sorriso que lhes alivie o fardo de me aturarem a rigidez na educação.
Divirtam-se, descansem, e tenham um excelente fim de semana, que na segunda cá estarei.

A dúvida

"Srª Doutora:
Qual a sua dúvida "existêncial"?" (in Coisas Ditas, por .)

Exmo(a).Sr(a). . :
Mil perdões por não ter sido clara na minha escrita. É o que acontece quando se escreve depois de pouco dormir, muito trabalhar, estar com pressa e ainda por cima sentir-me irritada.
A dúvida era, apenas, o porquê de a Sr.ª Dr.ª responsável pela elaboração do relatório da análise do meu EEG precisar de ser alertada por um colega para a urgência da coisa. Após tal sensibilização, o relatório foi elaborado. Ora, na minha humilde forma de ver as coisas, quem vai fazer um EEG não o faz por desporto, ou meramente para guardar em casa o registo da sua actividade cerebral, para emoldurar e mostrar aos amigos. Fá-lo porque o mesmo é necessário para confirmar um problema ou para eliminar uma suspeita do médico que o pede. E isso, para mim, seja o resultado do meu EEG ou de qualquer outra pessoa ou exame, configura uma situação intrinseca de urgência, para a qual não deveria ser necessário o tal "empurrãozinho". Mas pode ser que me engane, e que os médicos e outros técnicos de saúde assim não pensem, e é essa a minha dúvida.
Eu lido com papéis, com a formalização de contratos e garantias dos mesmos que permitem na maioria dos casos conceder-se aos clientes uma "folgazinha" económica. Nenhum dos clientes morrerá, com certeza, por um dia ou dois de espera. No entanto, sou incapaz de ir de férias, de me ausentar do trabalho por motivo que possa prever, sem deixar tudo quanto está na minha secretária devidamente tratado e resolvido. Isto apesar de, por ausência minha, haver quem mais quem trate dos meus papéis. Não é ser melhor ou pior que o vizinho, é apenas uma questão de sentido de responsabilidade, na minha opinião.
Que a "saúde pública" em Portugal está mal, parece que toda a gente sabe. Mas quando eu pago a uma entidade privada, precisamente para evitar os atrasos dos serviços públicos, porque a minha saude me é preciosa e me deparo com uma situação destas, fico mesmo muito lixada.
E nisto, como em tantas outras coisas, é que eu tenho pena que o meu Portugal seja como é.

11/09/2003

A Senhora Cunha, ou de como nada se faz neste país sem um empurrãozinho

Talvez o Sr.Doutor me soubesse explicar, ou talvez não. O resultado do meu EEG só me iria ser entregue daqui a 20 dias, por força de a Sr.ª Dr.ª que faz o relatório da anállise do dito ir para fora. Telefonei ao meu médico assistente, ele escandalizou-se com a espera, telefonou à dita, e amanhã tenho o relatório pronto.
Tenho quatro processos para ver em cima da secretária. Todos urgentes. Um director telefona para o meu e de repente tenho um quinto processo para ver JÁ, para tratar JÁ e para enviar JÁ tratadinho. Não, esperem, que afinal até vem cá um colega JÁ buscar.
Tenho um link para comentários. Se alguém realmente lê este blog, que o utilize para deixar cá o contributo para este post. Eu, por mim, fico sempre irritada com estas coisas.

Memórias

Fui fazer o tal electroencefalograma com prova de sono. Depois de uma noite em que dormi apenas duas horas, depois da viagem até à Clinica meio adormecida, quando me mandaram relaxar e dormir, zás!, qual quê. Se dormi um minuto foi muito bom, já dizia a srª enfermeira que me pôs, literalmente, os cabelos em pé, com o gel e aquelas coisas que servem para fazer o EEG...
É que, quando fechei os olhos, e tentei contar carneirinhos, a minha memória pregou-me a partida de me fazer rever os acontecimentos do ano passado e de há dois anos. Se eu fosse supersticiosa, hoje não teria saido de casa. Há dois anos foi New York e o mundo que sofreram danos irreparáveis. Há um ano foi o meu Arturito que os sofreu. As vidas perdidas no WTC, no Afeganistão, no Iraque, não se recuperam. A alma daquele menino vai-se tentando curar. É caso de "que é que o traseiro tem a ver com as calças?", mas a data é a mesma e na minha cabeça (que hoje se provou, contra a opinião de alguns, que contem neurónios a funcionar), tudo se mistura.
A esperança tem de ser mesmo num futuro mellhor, que o passado deixa dúvidas de se conseguir.

10/09/2003

"Abaixo o chispe, viva o iogurte!"

Se vissem um "Most recently published site" com um nome destes, resistiam a espreitar? Já não sei qual é o endereço deles (reparei que há mais que um subscritor) e confesso que não será, com certeza, dos blogs que irei ver no futuro, mas que me deu vontade de rir, deu. E fui lá a pensar que era um blog de candidatas a bulimicas ou anoréxicas... :))
Acrescentei o link do Sr.Doutor, que "frequento" já há algum tempo, mas que a "inveja" provinda da estupidez de ter seguido Direito e não Medicina me impedia de publicitar. Agora, olha, preciso deles, e, por isso, trato-os bem... ;o)

Inimagináveis pequenas alegrias

O Pedro, como já referi, nasceu com alguns defeitos de fabrico. Depois de recauchutado por quatro vezes, ficou um puto fino. O pior é que mastigar era para o vizinho. Tive quatro varinhas-mágicas em outros tantos anos, três das quais "morreram" ao fim de pouco mais ou menos que um mês dos trabalhos forçados que alimentar o meu filho implicava. A outra, que a mim não pagam a publicidade, mas que eu a faço ao que é bom, foi a extraordinariamente fiel Braun 350w, que ainda hoje está connosco e que nunca se negou a passar as piores mistelas - desafio-vos a encontrar mistura pior que Happy Meal com sopa de espinafres!
Deve ter sido esta ultima iguaria que fez despoletar no Pedro a vontade de ser como todos os outros e utilizar os molares. Coisa que aconteceu apenas em Fevereiro deste ano, aos quatro anos e meio de idade, e num processo muito lento de habituação aos sólidos, aos sabores, às texturas...
Não espanta a quem isto saiba, que a minha irmã me tenha agora telefonado, voz mista de espanto e felicidade, para me informar que o meu filho se deliciava frente a um prato de "jaquinzinhos" fritos com arroz de tomate, depois de ter recusado o peixinho arranjado que ela lhe preparara, e tendo exigido comer os ditos à mão, em dentadas próprias, e incluindo a cabeça dos pobres animais...
"Ó mana, já comeu mais de dez, e pena tenho eu que se estejam a acabar!"
Tal mãe, tal filho: peixe frito com arroz de tomate!... E eu que, sem fome, comi um caldo verde e uma sandes de queijo fresco, sem vontade e sem gosto, enquanto tentei por a conversa em dia com a Maria Papoila (lindo o tapete para rato que me trouxe da Escócia, quanto ao haggis, a ver vamos! :-*) e me esforcei por resumir seis anos de prática de Registos e Notariado em dez minutos para o Artur poder trabalhar afincada e correctamente para aquelas senhoras que não pagam a tempo...

Ai!

Esqueci-me, quando postei, do Marronco, que está na preguicite aguda de quem curte férias, e por isso nada postou, mas comentou, ainda assim, o meu ultimo post... Bigados, sim?... Se dizeres-me para tomar cuidado não é de marronco, bem me parece que a Maria Papoila terá razão ao dizer que de tal tens pouco... Beijos!

*Ai*

Há dias que têm o condão de começar bem. Quando um desses dias acontece no meio de uma conjuntura da treta das nossas vidinhas, sabe a mousse de chocolate lambida devagarinho da ponta de uma colher.
Eu explico. Não disse nada à minha mãe da crise da saúde, que ela já tem idade para se preocupar com a dela e eu idade para me preocupar com a minha. Ela ia hoje para "a terra", como é costume do nosso povo dizer, e quando disse ao Pedro, ontem à tarde, que nos íamos despedir da avó, ele quis ir com ela. Conversa feita no café do costume, tudo combinado para hoje de manhã e eu com a benção de poder não me preocupar com o Pedro até domingo. Acordei-o cedinho, como se fosse para a escola, ele pulou da cama, sorriso de orelha a orelha. Despachámo-nos, a minha mãe avisou que estava já à porta do meu prédio, descemos e lá foram eles.
Subi e tomei calmamente o pequeno-almoço em casa, com o bom do comprimidinho para ajudar a passar o dia. Saí de casa, rumei ao terminal do 53, sentei-me a ler o "Brideshead revisited", cheguei a Lisboa e antes de chegar ao trabalho já a minha mãe me estava a telefonar "fizémos muito boa viagem, já estamos em casa da tua irmã!".
Fui beber café, entrei no serviço, sentei-me, liguei o pc, e dei a minha voltinha costumeira pelos "blogs de estimação". Vi nos meus Ovos Estrelados que hoje ao almoço muito terei que animar a Maria Papoila, tadita, de rastos pós-férias, mas que já me disse que me trouxe daquela coisa horrorosa que os escoceses comem. Fui ver que teria lembrado ao Ministro do Bom Senso escrever, e encontrei um post que podia ser meu, que tenho um peixe Joaquim e um filho Pedro, e que tenho dificuldade em fixar os nomes de metade dos colegas do Pedro, de tão estranhos que são alguns. Ou fixo-os mas não sei a quem pertencem, que ainda é pior, e é por ler as etiquetas nos cabides das mochilas...
Daqui, a passagem à Espectacológica é quase sempre obrigatória. E aí, ao sorriso que já tinha juntou-se a humidade ocular... Um "Força, Ana" de quem não se conhece sabe e faz bem. Se somos grãos de areia no universo, hoje senti que faço parte de um pequeno areal de gente gira, simpática e... normal, com todas as anormalidades que ser normal implica.
"Pertantos, prontos", que se lixe a preocupação e as dores de cabeça, toca a andar prá frente, que só para aí é que há caminho. Vou trabalhar.

09/09/2003

Saúde!

E disse o Sr.Doutor:
"Agora vai daqui com estes papelinhos, mas olhe que eu não fico nada descansado e quero vê-la cá depressa! Vai estar com muita atenção a quaisquer sintomas que apareçam para além dos que já tem, cuidado com essa cabeça que a pancada foi mesmo muito forte, não conduz, se tiver outro desmaio vem logo cá ou às urgências, beba no máximo dois cafés por dia e nada de bebidas alcoólicas com este medicamento..."
E eu, na palhaçada, como é costume, mas assustada como tudo, a olhar para receitas e pedidos de exame...
Claro que menos de três cafés por dia e eu não sou ninguém. Claro que tenho de conduzir, pelo menos para ir levar e buscar o Pedro (verdade que vou a 40km/hora...). Já fiz as análises e o raio-x. ECG prá semana, e EEG com prova de sono que não faço ideia onde ir fazer. O Sr.Doutor queria que eu ficasse em casa de baixa até os resultados dos exames estarem prontos, mas eu enlouquecia a pensar no que tenho aqui para fazer e acho que ainda era pior para mim. Ele diz que o meu coração não bate certinho (e eu a pensar que o que não batia certinho era a "bola"!) e que tudo isto pode não ser mais que esgotamento, fisico e nervoso, mas é preciso ter a certeza.
E eu tenho medo e continuo a detestar sentir-me doente.

08/09/2003

Bolas!

Detesto sentir-me doente. Passo a vida a queixar-me de uma dorzinha aqui, uma má disposição ali, mas nunca é nada que me impeça de fazer seja o que for. Toda a semana passada me doeu a cabeça com alguma intensidade, facto atribuido a um ataque de ansiedade de origem laboral. No sábado, eu e o Artur acordámos com dor de cabeça. Ele ficou a descansar, a tentar que a coisa passasse, eu fui fazer as compras indispensáveis de fim de semana (e levei o Pedro, o que aumenta exponencialmente o grau de dificuldade da tarefa), tratei do almoço, pus roupas a lavar e essas tretas chatas todas. Depois de almoço todos dormimos a sesta. O Artur melhorou, o Pedro estava bem. A mim, continuava a doer-me a carola, mas tinha prometido ao Pedro jantar no MacDonald's (maternidade, a quanto obrigas!) e lá fomos. No regresso, fizémos o resto das compras de supermercado. O resto da noite foi passado entre a marquise (roupa) e a sala, a ver o "The last castle" com o Robert Redford e aquele senhor d'"Os sopranos" de quem não me lembro agora do nome. A cabeça continuava a doer, o Artur foi-se deitar, eu fiquei, que como se não bastasse ainda me deu um ataque de insónia (coisa rara!).
Domingo, almoço em casa da sogra. Ao fim da tarde voltámos a casa, com a minha cunhada e os sobrinhos, para vermos umas roupas do Pedro que ainda estavam em condições para o sobrinho vestir (leia-se "estavam novas"). Pedro deitado, morto de cansaço das brincadeiras da tarde, e lá fui eu agarrar-me ao belo ferro de engomar (se alguém ainda usa goma que me diga), acompanhada pela dor de cabeça em cima do pescoço, Artur no sofá e "Home Alone 2" na televisão. Roupinha toda tratada (mas não arrumada, que tem de arrefecer antes de se acondicionar nas gavetas, como me ensinou a minha mãe), lavei a dentola, fumei o ultimo cigarrinho da noite e cama comigo. Pouco mais de uma hora depois disto, acordei, sentia-me mal, não sabia de quê, cabeça, estomago, membros, sei lá. Fiz o caminho até à casa de banho meio cambaleante. Próxima cena: eu, a acordar, deitada no chão da dita casa de banho, com um enorme galo na tola feito na queda e a dor de cabeça a dar-lhe com tanta força que voltei de gatas para a cama. Mal dormi o resto da noite. Estou práqui que nem estou. Vim trabalhar, que se tratar de um processozito já é melhor que nada fazer, e ja tratei de dois e tudo.
Detesto sentir-me doente. Logo à tarde vou ao médico, como quem vai a Fátima pedir o milagre, ó faxavor, de ficar boazinha e de isto não ser nada de mais.

04/09/2003

Ausências

Se alguém de quem gostamos não nos atende o telefone por dias a fio, se alguém de quem gostamos não está na sua casa, a malta preocupa-se. Digo eu.
À semelhança dos EUA, nós lá em casa também tivémos um 11 de Setembro. Foi no ano a seguir, e nunca tivémos dúvidas que os actos eram terroristas: quando somos apanhados às 7:20 a.m. à porta do nosso prédio e nos batem e nos levam uma das nossas crianças, não queremos saber se quem o faz é a mãe da criança levada, sabemos apenas que o fizeram e que há uma criança em perigo. Foi por essa altura que AP, a mãe do Artur, decidiu assentar arraiais na casa do amante e respectiva esposa, com filho atrelado, proibir todo e qualquer contacto do pai com o menino e levar a vida como se não devesse explicações a ninguém. Excepto ao próprio filho, a quem encheu a alma de explicações dolorosas, apesar de nenhuma das mesmas se parecer com a realidade dos factos.
Desde segunda-feira que não há movimento na casa de Mem Martins. Tal como em Setembro do ano passado. Desde sexta que nada sabemos do menino. Nem mãe nem filho atendem o telefone. Em casa não estão. E eu, que esperava seriamente que este ano lectivo fosse de sossego e calma para o miudo, antevejo a improbabilidade de tal acontecer.
A AP é especialista em transformar a esperança num peru: em vez de ser a ultima a morrer, ela mata-a de véspera. Pelo menos a minha, por mais que gostasse que assim não fosse.

03/09/2003

Baba

Quando alguém me informa que vai ser mãe/pai pela primeira vez, sou educadinha e dou os parabéns, mas logo a seguir pergunto "cansadito(a) de estar bem na vida, hein?"
Fui recentemente "avó", que a L., minha filhota da faculdade, lá conseguiu ser mãe. Depois dos pulos de alegria sincera, veio a palermice do costume. Perguntei-lhe se estava preparada para nunca mais dormir um soninho descansado, se tinha muito bem recheada a conta bancária, se já tinha malas parecidas com a do "Sport Billy", se andava a praticar sexo suficiente para os meses de inactividade depois do parto (e quantas vezes até antes!), se estava consciente de que uma ida ao supermercado nunca mais poderia ser feita com custo inferior a 50 euros... E ela, como todas, perguntava "então mas ser mãe não é a melhor coisa do mundo?" E eu, invariavelmente, respondia que ser mãe é sobrevalorizado por toda a gente, que muito se fala nas compensações do amor filial mas que é tudo treta, que ter putos é só trabalho em cima de trabalho e que, quando nos livramos deles por 10 minutos ficamos logo cheias de remorsos e saudades porque não temos os meninos perto de nós.... Como diz a minha mana velha, filhos são peçonha!
Ontem o Pedro portou-se mal ao jantar, tão mal que nem piou quando lhe pus o GameBoy de castigo, e o mandei para a cama assim que acabou de jantar. Deitei-o, aconcheguei-lhe a roupa da cama, estendeu os braços para o beijinho e o abraço de boa noite:
"Mãe!... Xabes uma coija?... És a melhor pexoa do mundo!".
Ao fim de cinco anos, lá me estragou ele a "teoria da treta" toda.

E pronto(s)! :)

Consegui, finalmente, refazer tudo o perdido. Agora, porque depois de "casa arrombada, trancas à porta", já guardei religiosamente o template, tal como o quero, com todos os "ses" e "mas" que me agradam.
Obrigado, P., pela pachorra... Se sempre saires de onde trabalhas agora, sabes que pelo menos as mais altas referências terás, minhas e da Maria, para encontrares outro emprego, onde possas andar de t-shirt e assim ;o)

Nem tentem perceber!

Algures entre escrever aquele post e acrescentar uns links perdi mais de metade do formato do template que tenho usado, incluindo os respectivos links, comentários e contador de visita. O médico informático de serviço, o gentilissimo P. (o mesmo que trata dos gatos da Maria Papoila nas suas ausências!) está já informado e a tentar solucionar a questão.
Graças ao meu pequeno blog, estou seriamente a pensar ir tirar um curso de HTML, Java ou lá o raio que seja! Argh!

Sobre blogs

Acreditem ou não, nunca vi o blog do Pacheco Pereira. Parece crime de lesa-majestade, neste universo, mas não é. Não é que o senhor me agrade ou desagrade, tenho alguma inveja da sua biblioteca e pouco mais. Dos links que aqui coloquei, o primeiro é da Habitat for Humanity (internacional), enquanto aquela de que sou membro fundador, a de Lisboa, não cria o seu próprio site. Os outros são links para blogs - ou de amigos, como os Ovos Estrelados e o Marronco, ou de velhos contactos cibernéticos como o Stephen King, ou ainda de blogs de gente que não conheço, nunca vi, mas que gosto de ler.
Para mim, blog que se preze faz-me sorrir ou rir, ou toca-me de uma qualquer forma. Leio qualquer blog que se pareça com a vida real. Graças ao Sr.Ministro (da pasta do Bom Senso), descobri outro blog delicioso, o EspectacologicaS.
Não me interessa publicidade, já nem ligo a quem me visita, porque seja como for não pretendo ser lida, mas apenas escrever. Não tenho nada de interesse para dizer, mas ainda assim ponho para aqui todas as banalidades que me apetecem, e quero lá saber do que pensa quem.
E quando acontece reler um post e ver que o que escrevi não faz sentido entre principio/meio/fim, não me ralo nada e mesmo assim "clico" no Post & Publish e espero que para a próxima a coisa me corra melhor.

02/09/2003

Silêncio

Quando pego no meu rádio AM/FM e ponho os pequenos auriculares nas orelhas, o resto do mundo apaga-se. A sensação é semelhante a estar no meio do silêncio. Procuro sempre postos de muita música e poucas palavras. Quando não consigo, ponho um cd a tocar no pc. Por vezes penso que, tapando os ouvidos, não deixo sair as ideias, e consigo ponderar melhor o que faço. E só o faço no trabalho, quando preciso de me concentrar ou de ritmar as vagas de pensamentos, em momentos de stress. Ultimamente isso não tem sido possível, porque tenho de me levantar frequentemente, de ir buscar processos, levar processos, despachar papéis em conjunto com a direcção (os nossos "amigos" Patinhas, Ventoinha e Pepe Legal), ou simplesmente perguntar à E. se os deuses da administração se dignaram apor a sua assinatura numa qualquer folha que sem ela bem podia ir para o lixo...
Faz-me falta a música, faz-me falta esses momentos de isolamento. Ás vezes canto, mas garanto-vos, é algo a que não querem assistir. Se já viram o Shrek, lembrem-se do burro. Tal e qual eu. O que faz de quem me manda calar ogres verdes, feios e mal-cheirosos.

01/09/2003

Regresso

Chegámos a Setembro. No próximo fim-de-semana é a festa do Avante, e toda a gente sabe que dela até ao Natal é um pulinho. Está toda a gente de volta, toda a gente mal humorada, o trânsito voltou ao caos do costume a pontos de o Pedro Ribeiro, na BestRock, perguntar à malta se não tinhamos já saudades disto... Pois está claro que tinhamos. Assim como tinha saudades de o Álvaro ir de férias e eu ficar com o trabalho dele. Aproveitanto a ausência da minha Maria Papoila, volto à dieta e não saio para almoçar. Faço as oito horas non-stop e tento ver-me livre da papelada toda que tenho em cima da secretária. Não vou conseguir, claro, mas a consciência ficará aplacada.
Hoje o sistema judicial volta a dar cartas nas noticias, com a prestação de declarações para memória futura no processo Casa Pia a levantar polémica e a fazer com que todas as estações televisivas estejam à porta do CEJ. A RTP1, às sete da matina, já lá tinha um senhor a dizer que ainda não se via lá nada digno de registo... Abençoada paciência. Confesso que em tempos imaginei que o nosso sistema judicial seria mais engraçado se fosse de tipo anglo-saxónico, se fosse parecido com o americano. Não pretendia era que as semelhanças fossem apenas nos jornalistas à porta dos tribunais e outros locais do género a tentarem por todas as formas encontrar a migalha única que os fará passar à ribalta do telejornal, e que será sempre a migalha mais vil e nojenta.
A mim ninguém pergunta como estão os meus processos em tribunal... Sim, aqueles contra a mãe do Arturito e aqueles que contra mim ela instaurou - e sabem que mais? Vem lá mais outro, que a senhora acha que a queixa à CPCJ de Sintra só pode ter sido feita por mim... Ainda por cima, este será da competência do tribunal de Sintra, que é o territorialmente competente, o que promete que eu compre mais umas quantas queijadas para que a viagem lá não seja um total e completo desperdicio de tempo.